Acompanhei José Luiz Datena em sua grita diária durante as buscas por destroços do airbus da Air Francesemana passada. Foram dias e dias de programa ao vivo na Bandeirantes em que o apresentador se agarrou um tema trágico como se fosse um doce delicioso com o qual se faz uma festa. Ele teve o suporte de links e de mais de um repórter da emissora que falava diretamente do local do acidente. Os repórteres faziam seu trabalho direitinho e apareciam relatando os fatos. Mas Datena não estava nem aí para isto. Quando algum deles entrava no ar explicando que a Marinha tinha encontrado este ou aquele objeto, mas não confirmava ser do avião, a afirmação servia apenas para irritar o apresentador. “Muita coincidência”, gritava ele. “Está no local onde caiu o avião, eles não confirmam mas é claaaaaaro que é do avião”. E assim Datena foi levando seu programa por dias seguidos, debochando das informações oficiais e objetivas. Debochando, sobretudo, da sobriedade com que se deve tratar um assunto como este, que chocou o público e deixou tanta gente de luto. Não pode. Mudando um pouco de assunto sem trocar de canal, o “Dia dia” está redondinho. O programa matinal apresentado por Lorena Calábria, Patricia Maldonado e Daniel Bork finalmente conseguiu integrar ações paralelas num mesmo cenário. As situações paralelas ali “conversam entre si” e o resultado é bem simpático. De novo, Datena foi a única presença destoante na mesa redonda que rolou numa manhã logo depois do acidente do avião. Acostumado ao monólogo, ele não conseguia debater com Silvia Poppovic e Patrícia Maldonado, como propunha a atração.
POR: Patrícia Kogut.
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